quarta-feira, 24 de abril de 2013

Bem que...

E bem que o sol poderia nascer agora
e eu acordaria de um sono tranquilo,
de alma lavada, de bem com tudo.
E daí eu abriria a janela e o mundo todo
estaria no lugar.
Eu iria levantar e sair.
Iria para um lugar com árvores,
água e pássaros,
grama verde e flores brancas,
céu azul e borboletas.
Vento.
E lá teria um balanço grande,
pendurado em uma árvore grande.
E eu me balançaria tão alto,
que não daria mais medo.
que não daria mais tristeza.
que não daria mais dúvida,
nem agonia.
E todos os problemas sumiriam.
E permaneceria tudo o que é bom.
E bem que tudo podia estar bem.

quarta-feira, 20 de março de 2013


Daqueles dias

Um daqueles dias em que você cansou das pessoas.
Nenhuma delas você suporta ouvir.
E nem a si mesmo, por fazer parte.
Nada do que elas dizem você aguenta.
Nada mais é relevante, nem palavra, nem vírgula, nem citação.
Daqueles dias que você não entende.
Daqueles dias que você não quer mais entender.
Pessoas e palavras cansam, depois de um tempo.
E, em dias como hoje, tudo poderia sumir.
Porque você não aceita que nada mais entre em sua mente.
E pede aos céus que seu ouvido se bloqueie.
Um filtro.
Daqueles dias em que suas mãos fecham violentas de raiva.
Daqueles dias em que os olhos pairam de ódio.
Daqueles dias em que a respiração fica fria.
Os dentes cerram.
O coração deixa de ser coração. Não sente mais.
Pessoas e palavras atingiram o auge da futilidade. Da cegueira. Da ignorância.
Daqueles dias em que você não quer participar dessa farra imbecil.
Ah, quanta insensatez, quanta estupidez.
Hoje não quero mais.
Não quero mais nunca mais.
E que seja nunca mais, e não somente hoje.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Estou sucumbindo. Sinto, pouco a pouco, como se tudo, dentro e fora de mim, estivesse desmoronando. É como se eu estivesse fraca e no meio do vazio. Sem absolutamente nada, nem ninguém para me segurar e evitar a queda. Quando, finalmente, penso encontrar algo para me fazer continuar de pé, dá errado. Daí a decepção, o desespero, os erros. Isso porque tudo o que eu precisava aparece diante dos meus olhos e some no segundo seguinte e eu permaneço sozinha. Desamparada. Mas eu tento de novo. E de novo. Só não sei até quando conseguirei permanecer equilibrando-me por entre tudo isso. Queria encontrar o que encontrar.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Tenho sede.
Tenho sede de voar, mas não gosto de altura.
Tenho sede de tentar, mas me retraio.
Tenho sede de viver, mas tenho medo.
Tenho sede de dar a cara a tapa, de lutar por uma causa justa, de correr, de sair por aí, de soltar um grito tão alto que leve com ele toda a minha angústia.
Mas algo me prende.
Tenho sede de dizer o que quero, pra quem eu quero, na hora que quero
Mas não sei como serei interpretada.
Tenho sede de deixar pra trás aquilo que tanto me indigna.
Mas talvez eu me arrependa.
Tenho sede de finalmente ir atrás daquilo que tanto quis, me dedicar somente à isso.
Mas não posso deixar o resto de lado.
E, sabe, eu tenho sede de oportunidade.
Mas eu não consigo entendê-las, às vezes.
Eu tenho sede de eliminar o "mas".
Mas ele me persegue a cada sede.
E eu tenho muita sede.
Ela me arrepia, descontrola, faz explodir.
Mas chega o "mas" e a repreende.
E eu não o culpo. Ele não quer meu mau.
Eu tenho sede de equilíbrio, sabedoria.
"Mas" me auxilia a alcançar tais virtudes.
Eu estou perdida, sim.
Mas ter sede me ajudará a me encontrar.

sábado, 17 de novembro de 2012

Eu to precisando de um caminho.
To precisando de mais valores, de mais atitudes.
Preciso descobrir coisas,
desencadear outras,
esquecer algumas.
Transformar conclusões, já que elas não me satisfazem mais.
To precisando lutar por algo que realmente valha a pena,
elaborar uma metodologia de vida nada metódica.
Preciso reconhecer o que tenho e o que sou.
E preciso ir em busca de algo sempre melhor.
Eu to precisando de ar.
E to precisando perder o fôlego,
fazer o coração bater forte,
fazer o brilho nos olhos ofuscar. 
To precisando entender.
Eu to precisando tentar.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Doze reais.

       Decidi escrever.
       Sei lá, narrar fatos, treinar vocabulário, quebrar um pouco a cabeça. É tão necessário, quanto revigorante.
       Acontece que perdi dinheiro hoje. Pois é, deve ter caído do meu bolso quando eu fui pegar o celular. Por mim, tudo bem. Quem não gostou muito foi a moça da padaria, que teve que guardar meu lanche quando eu descobri, na frente dela (e da fila inteira), que meus bolsos estavam vazios. Lido tranquilamente com esse tipo de situação. Mas somente no momento em que ela acontece. Aqui, revivendo a cena e a expressão da menina, me sinto extremamente embaraçada. Enfim, devo ter feito alguém feliz, hoje.
       Me pego tentando descobrir quem achou aqueles doze reais. Uma nota de dois, enrolada em uma de dez, ou vice-versa, não lembro. A alegria da pessoa seria maior se a de dois estivesse por cima. Imagina que mágico encontrar o quíntuplo do dinheiro dentro da nota! Ela deve ter ficado feliz pelo resto do dia.
       Ou não. Talvez ela considere apenas uma recompensa dos céus por sua vida injusta e fracassada. E, daí, guarde o dinheiro na carteira para ajudar nas compras do mercado no fim de semana. Daqui a pouco, nem lembrará mais da sua pequena sorte, pois o fracasso ocupa a mente dos que se deixam levar por ele.
       Lindo seria se o dinheiro fosse encontrado por uma criança. Eu já achei notas de pequenos e grandes valores no chão, quando era pequena. Sentia como se fosse um tesouro e guardava com carinho. Também seria lindo se fosse encontrado por um pai, ou uma mãe, e eles o dessem ao seu filho, que estava ao lado, segurando sua mão. Que presente significativo. Além de ter gosto de pote de ouro de fim de arco-íris, foi dado por aqueles seres altos, presentes e mimosos, chamados pais. Mas é improvável. Crianças possuem olhos mais curiosos e prestam mais atenção nos detalhes, andando pela rua. Às vezes, acho que sou uma delas.
       Talvez os doze reais tenham sido encontrados por um senhor de idade. Ele teve uma tremenda dificuldade para se abaixar, mas conseguiu apanhar as notas. Afinal de contas, não se deve desperdiçar a sorte e, pode ser que faça a diferença no final do mês.
Pode ser que faça a diferença no final do dia. Se a senhora que o encontrou precisasse desesperadamente comprar algo para dar de comer à seus filhos, que a esperam ansiosos em sua humilde casinha que balança com o vento e a chuva. Queria que ela achasse. Mas que egoísta, que sou. Seria meu lanche. E desde quando foi me tirado o direito de me desfazer dele, sabendo que eu poderia ajudar alguém que realmente precisasse comer, por livre e espontânea vontade?
         Me sinto mais embaraçada do que lá na padaria.
       E o mais engraçado é que, no fim das contas, fui eu quem ganhei o dia. Precisei voltar para casa e acabei tomando um banho de chuva tão lindo, que andei propositalmente pelas poças d'água. Ora, e por que não? A chuva pode ser muito mais bela vista de baixo, e não pelo vidro de uma janela, ou de baixo de um guarda-chuva. E fez toda a diferença no meu dia.
       Sinceramente, espero que aquele dinheiro faça a diferença na vida de quem o achou. Por um minuto, por dois, por dez, por um dia, uma semana, um mês, uma refeição, ou um brinquedo naquela lojinha. Precisamos da diferença em nossa mesmice, mesmo que para isso, precisemos perder doze reais.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Carta.

Você.

Muito engraçado da sua parte resolver se importar, agora. Muito bonito resolver, de uma hora pra outra, se meter nos meus pensamentos, nas minhas atitudes e querer criticar o modo como ando vivendo. E, aliás, muito peculiar você, de repente, vir me dizer o que e como fazer, sendo que eu fiquei esperando por isso há algum tempo atrás, exatamente quando você tinha sumido. Sabe, acho realmente interessante você voltar agora, mas... você realmente achou que eu estaria esperando? Sinto muito, não dessa vez. E, por gentileza, mostre-me que está aqui de outra maneira, porque essa não faz mais sentido pra mim.

Eu.